Apesar do negacionismo do presidente Javier Milei sobre a crise climática, a Argentina experimenta mais um evento extremo que castiga a população e arruína a já combalida economia do país. A cidade portuária de Bahía Blanca, 570 km ao sul de Buenos Aires, praticamente colapsou depois de um forte temporal que despejou o equivalente a 70% do total de chuvas esperado para um ano inteiro em apenas 24 horas na última 6ª feira (7/3).
De acordo com as autoridades argentinas, pelo menos 16 pessoas morreram e cerca de 100 seguiam desaparecidas na tarde desta 2ª feira (10). A chuva histórica deixou Bahía Blanca inteira debaixo d’água; em algumas partes da cidade, a lama subiu mais de 1,5 metro. Cerca de mil agentes, entre policiais e bombeiros, foram mobilizados para ajudar no resgate e no salvamento de vítimas.
A situação foi totalmente fora de qualquer padrão de normalidade. De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, a estação de Bahía Blanca registrou cerca de 210 milímetros de chuva acumulada nas primeiras horas de 6ª feira, um recorde histórico para o país, superando a marca de 151 mm registrada em fevereiro de 1975. Em estações particulares, as leituras foram ainda maiores, de mais de 330 mm até o meio da manhã.
Um balanço preliminar estimou que os prejuízos causados pelo temporal em Bahía Blanca foram de cerca de US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões). O governo argentino autorizou uma ajuda extraordinária de 10 bilhões de pesos (R$ 53 milhões) para a província de Buenos Aires, onde fica Bahía Blanca.
Como a MetSul explicou, a intensidade do temporal está relacionada a um choque entre uma massa de ar quente que cobria Buenos Aires há vários dias e uma forte frente fria avançando desde o sul do país. Ao mesmo tempo, um bloqueio atmosférico ativo no Sul do Brasil impediu a passagem de umidade do corredor continental que vem desde a Amazônia na região Sudeste, empurrando-a para o centro argentino.
As chuvas em Bahía Blanca fecham um verão particularmente caótico para os argentinos, pontuou a Folha. O país experimentou fortes ondas de calor, com temperaturas máximas que chegaram na casa dos 40oC e sensação térmica ainda maior, de 47oC. O forte calor provocou apagões sucessivos, afetando milhões de consumidores de energia.
A reportagem é publicada por Climainfo, 11-03-2025.