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Dia da árvore: 14% das espécies do mundo estão no Brasil

21/09/2020

Uma planta que vive no Pantanal e outra nativa da Amazônia mostram a riqueza de um patrimônio único e que está virando cinzas


Marcelo Camargo (Agência Brasil)

Você sabia que o Brasil é o país com a maior biodiversidade de árvores do mundo? Essa informação foi oficialmente reconhecida após a publicação de um levantamento inédito, que aponta a existência de 8.715 espécies arbóreas no território brasileiro — 14% das 60.065 existentes no planeta. Ao mesmo tempo, espécies que ajudaram a contar a história do país correm o risco de desaparecer nas próximas décadas. Uma delas é a Castanheira do Brasil, que dá o fruto castanha-do-pará, chamado internacionalmente de noz do Brasil (Brazil nut). O Mogno, também amazônico, foi extraído irracionalmente e já está praticamente extinto. Seringais estão seriamente ameaçados pelas queimadas na Amazônia, e já há mais Seringueiras na Ásia, para onde foi levada e é uma planta invasora agressiva, do que no Brasil, de onde é originária e não ameaça outras espécies. Até a Araucária, que emprestou seu nome tupi-guarani (Kur'yt'yba) à capital do Paraná, deve sumir da paisagem se a destruição da Mata Atlântica não for interrompida. A atual temporada de queimadas, uma das mais violentas da história do país, castiga, sobretudo, o Pantanal e a Amazônia. Neste dia da árvore, o projeto Clima que Queremos homenageia espécies representativas destes dois biomas brasileiros e explica o que a sociedade perde quando a megadiversidade biológica do país é destruída. 

​Há três tipos de árvores: as pioneiras, que nascem primeiro, crescem rápido, fazem sombra para as demais espécies terem condição de se desenvolver e em geral morrem cedo, sem ficar muito grandes; já as secundárias, iniciais ou tardias, demoram mais para crescer, mas ficam maiores; e as árvores clímax, que crescem bem devagar e na sombra, têm porte robusto e madeira dura —  a chamada madeira de lei. 

A Sumaúma ou Samaúma é uma árvore secundária que mesmo com crescimento relativamente rápido pode atingir até 90 metros de altura, sendo, por isso, uma das maiores árvores da flora mundial. A espécie é um símbolo da Amazônia e consegue retirar água das profundezas, com longas raízes aéreas do tipo sapopemba, que em determinadas épocas se rompem, irrigando todo o entorno. Na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, um exemplar batizado de Vovó atrai turistas do mundo inteiro — calcula-se que esta árvore tenha pelo menos mil anos de idade. Para abraçar a Vovó é preciso reunir umas 20 pessoas de mãos dadas em torno de seu tronco, e alguns exemplares desta espécie chegam a ter o dobro deste tamanho. 

A Sumaúma produz um tipo de algodão, chamado internacionalmente de kapok, uma fibra muito leve, de toque macio e sedoso, altamente inflamável e resistente à água e ao mofo e de ação antibacteriana. O material já foi usado como uma alternativa ao algodão para encher almofadas, colchões e para isolamento acústico no Brasil, mas foi substituída por materiais sintéticos. A crescente preocupação com o impacto ambiental da indústria da moda trouxe esta matéria-prima de volta ao mercado, mas bem longe da Amazônia — em Xangai, onde a startup chinesa Flocus investe em tecnologia para melhorar o aproveitamento da fibra. 

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Fonte: ICMBio