O Transporte Rodoviário de Cargas, responsável pela movimentação de 65% de toda a riqueza produzida no país, agoniza diante da crise econômica e de credibilidade instalada no Brasil. Mas, como sempre, o empresário de transporte tem a vocação de superar crises e ultrapassar limites.
O governo Michel Temer mostra alguns sobressaltos na condução da agenda da nova gestão, incluindo a carga de sacrifícios que a sociedade terá que fazer para que a economia se estabilize e o país volte a crescer. Já de maneira transparente, encaminha ao Congresso Nacional o orçamento onde consta um “rombo” de 170 bilhões de reais nas contas públicas, oriundo de um governo perdulário, obrigando-o à contenção de gastos, inclusive em serviços básicos como saúde e educação, além de enxugar a máquina pública reduzindo ministérios e cargos comissionados.
O setor acredita que o governo deve ser ainda mais agressivo no que diz respeito ao combate à corrupção e no encaminhamento das reformas previdenciária e trabalhista. Ao mesmo tempo, o governo precisa buscar soluções para a mobilidade urbana e fomentar as políticas ambientais.
Recentemente, o governo federal editou a Medida Provisória (MP) 748/16, que amplia para sete anos o prazo para os municípios elaborarem os Planos de Mobilidade Urbana (PMU). O prazo inicial findou em abril de 2015 e, com a MP as cidades terão até abril de 2019 para elaborar os PMUs. Dados do Ministério das Cidades apontam que apenas 5% dos municípios declararam possuir PMU já elaborado. Esses dados são alarmantes.
O TRC demonstra constantemente a preocupação com essas questões e está bastante disposto a colaborar. Exemplo disso é o Programa Ambiental do Transporte – Despoluir, que cada vez mais recebe adesão das empresas de transporte de cargas. Sabemos que o transporte é um dos setores que mais causa impacto no meio ambiente e por isso a responsabilidade socioambiental tornou-se algo tão relevante.
Mas para que o TRC continue se desenvolvendo, precisamos de políticas públicas eficazes. Um dos resultados mais adversos da crise econômica, e que requer imediata atenção, é o desemprego, que atinge a casa de 12 milhões de trabalhadores, dentre eles muitos oriundos do TRC. Isso é consequência da queda da produção industrial, da retração do consumo e do fechamento de muitas empresas de transporte.
Diante desse cenário, cabe ao governo, agora instalado em definitivo, prosseguir com as medidas saneadoras em termos de política econômica. O povo brasileiro e, em especial, o empresário de transporte não terá condições de suportar indefinidamente o peso dos equívocos cometidos pelo governo anterior e que estão cobrando um alto preço pela volta da inflação e a diminuição da capacidade aquisitiva dos salários, a elevação dos preços na ponta do consumo e a insegurança em relação a um futuro imediato.
Enfim, há iniciativas decisivas que devem ser tomadas pelo atual governo e que deságuam nas ansiedades do setor de transporte, pois, entendemos que um governo não pode prometer nos levar ao paraíso, mas tem o dever de evitar que cheguemos ao inferno.