A corrida global por produtos mais sustentáveis e energia de baixo carbono abre um universo de possibilidades para as empresas brasileiras e elas estão se preparando para isso, mostra uma pesquisa divulgada nesta quinta (18/5) pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
O CEBDS tem participado das conversas com o governo para construção do pacote verde, previsto para ser lançado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), nas próximas semanas.
“Dentro do pacote verde, um dos seis elementos centrais é a transição energética justa e o adensamento tecnológico, como o setor energético pode impulsionar a descarbonização trazendo geração de empregos verdes e o descolamento do PIB das emissões de gases de efeito estufa”, explicou Viviane Romeiro, diretora de Clima, Energia e Finanças Sustentáveis do CEBDS durante evento de divulgação do estudo.
O documento (.pdf) analisa 22 entrevistas com representantes de empresas de segmentos distintos, como mineração, alimentos e bebidas, cimento, aço, transporte aéreo, gestão ambiental, energia e indústria automotiva.
Em comum, identificou pelo menos três estratégias: busca por maior eficiência operacional como forma de reduzir emissões de Escopo 1, consumo de energia elétrica produzida 100% a partir de fontes renováveis (Escopo 2) e imposição de requisitos de boas práticas socioambientais para a cadeia de fornecedores (Escopo 3).
A Azul, por exemplo, busca reduzir suas emissões a partir da renovação da frota para ter aeronaves mais eficientes e leves, além de otimização de rotas e aeronaves. O foco de curto prazo é a substituição por aviões de última geração, de 20 a 30% mais eficientes.
A companhia observou uma redução de 19% no consumo de combustível por assento-quilômetro disponível entre 2016 e 2021.
Na distribuição de produtos, a Ambev está aumentando a eficiência em parceria com JBS, Minerva e Unilever no projeto de Frota Compartilhada. As empresas dividem o espaço de carregamento dos caminhões para usar toda a capacidade e otimizam as rotas de entrega, o que reduz o consumo de combustível e as emissões.
No Escopo 3, o mais difícil de atuar porque envolve decisões de terceiros, as empresas estão adotando uma diversidade de políticas: de prêmios e incentivos às boas práticas, até a definição de requisitos compulsórios que precisarão ser atendidos nos próximos anos.
É o caso da Toyota, que possui metas de redução de emissões próprias e para sua cadeia de suprimentos. Para isso, promove avaliações e premiações com os fornecedores, além de trocar experiências de iniciativas de descarbonização com fornecedores como a Bosch, que já é neutra em carbono.
Mas é como potencial fornecedor de energia para o mundo que o Brasil se destaca.
Segundo o relatório, no caso das empresas com operações globais, o Brasil é percebido como um país com grandes oportunidades para o atendimento de metas de redução de emissões globais e investimento em fontes renováveis.
“Estas possibilidades são especialmente interessantes para as empresas de óleo e gás que vêm migrando seus negócios para se tornarem empresas integradas de energia”, observa o documento.
“O Brasil pode aproveitar sua capacidade de expansão de fontes renováveis para exportar produtos que deverão ser fortemente demandados globalmente, como o hidrogênio verde e combustíveis sintéticos”, continua.
Na epbr: Grande desafio da Petrobras será tornar os seus produtos mais verdes, diz Maurício Tolmasquim
Para destravar investimentos e colocá-los na rota de baixo carbono, a demanda é política pública. As expectativas em relação ao governo Lula (PT) são altas, e com motivo.
“O Brasil é um dos poucos países que não precisa de nova tecnologia para avançar ainda mais [na transição energética], mas a gente precisa acelerar esse caminho”, defende Marina Grossi, presidente do CEBDS.
Ela explica que, superado o desafio de acabar com o desmatamento – que responde pela maior parte das emissões brasileiras –, o setor energético será a chave para o Brasil cumprir seus compromissos climáticos.
“Um caso nítido é o das eólicas offshore: apesar de uma oferta enorme ter sido apresentada pelo setor elétrico, a regulação ainda precisa ser estabelecida considerando-se requisitos, compartilhamento de infraestrutura de transmissão, requisitos para o licenciamento ambiental, dentre outros”, exemplifica o relatório.
Lula e o financiamento climático no G7
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Hiroshima, no Japão, onde participa como convidado da Cúpula do G7, a primeira que o Brasil participa desde 2009. Na bagagem, a intenção de cobrar os países mais ricos por investimentos em meio ambiente, e retomar as conversas sobre a paz na Ucrânia.
O presidente brasileiro já tem três reuniões bilaterais previstas: com os primeiros-ministros do Japão, Fumio Kishida, e da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da Indonésia, Joko Widodo. Reuters
Ibama nega licença na Foz do Amazonas
Segundo o órgão, “a decisão, que ocorre em função do conjunto de inconsistências técnicas, segue recomendação de analistas da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama”. Confira a repercussão
Desastre ambiental de US$ 12 bi
Um estudo sobre a poluição causada pela extração de petróleo no estado de Bayelsa, na Nigéria, calcula que serão necessários pelo menos US$ 12 bilhões para descontaminar o solo e as águas subterrâneas, onde a presença de substâncias tóxicas está mais de um milhão de vezes acima dos limites de segurança.
A britânica Shell e a italiana Eni, que operam há décadas no estado, foram responsabilizadas pelo órgão regulador nigeriano NOSDRA pela maioria dos derramamentos de petróleo. Contaminantes altamente tóxicos que causam queimaduras, problemas pulmonares e risco de câncer foram detectados por toda parte do território. Veja o relatório (.pdf)
Incentivo para fertilizantes de H2 verde
Os vereadores também aprovaram incentivos fiscais para o empreendimento, incluindo remissão do IPTU, isenção de ISSQN sobre os serviços de engenharia e redução de outros impostos.
Combate ao garimpo ilegal
USP e Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) assinaram um convênio nesta quinta (18) para expandir a ferramenta online e gratuita que monitora a origem do ouro comercializado no Brasil. A plataforma, disponivel em pcro.com.br, consegue identificar fonte de procedência e diferenciar o ouro legal do ilegal.
O Ibram também vai propor a órgãos de controle que exijam uso de plataforma da USP em todas as negociações com ouro. Segundo, Raul Jungmann, diretor-presidente do instituto, a ferramenta é um passo importante para combater a destruição e mortes que o garimpo ilegal promove em regiões como a Amazônia.
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Fonte: epbr.com.br (Nayara Machado - jornalista / Newsletter Diálogos da Transição apresentada por Mattos Filho)