Compartilhe

Até 2030, Belo Horizonte quer reduzir em 24% a poluição do transporte

09/04/2021

​Objetivo passa pela criação do Plano de Ação Climática, que deve ser concluído neste ano; Entre os desafios propostos, está o maior incentivo aos veículos elétricos



​A Prefeitura de Belo Horizonte traça como uma das metas do novo Prege (Plano de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa), elaborado em 2013 e revisado no ano passado, conseguir diminuir em 24%, até 2030, a poluição causada pelo setor de transporte, responsável pela maior parte das emissões de gases nocivos à atmosfera na capital (57% do total). O cumprimento do objetivo, no entanto, perpassa pela criação do Plano de Ação Climática da prefeitura, que começou a ser elaborado neste ano e deve ser concluído até dezembro. Além da mobilidade, o projeto possui outros dois eixos – saneamento e energia –, que preveem a adoção de outras iniciativas, a fim também de reduzir os impactos das mudanças climáticas derivadas do processo de aquecimento global. Algo que já interfere no clima das grandes cidades e contribui hoje, por exemplo, para as cada vez mais frequentes ondas de calor em Belo Horizonte.

De acordo com o secretário executivo do CMMCE (Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e Ecoeficiência), Dany Sílvio Amaral, para frear a poluição no transporte dentro dos próximos nove anos, a prefeitura aposta na gradual ampliação da frota de veículos e ônibus elétricos – o que depende de novos incentivos, sobretudo fiscais –, além do crescimento do número de ciclovias na cidade.

Rodízio

Segundo ele, a adoção de rodízio na circulação da frota como acontece há anos em São Paulo, por exemplo, ou a cobrança de pedágio de veículos na área central, como acontece em algumas cidades da Europa, também são outras hipóteses, mas não são o foco do comitê atualmente. Ainda de acordo com o secretário responsável por discutir a criação do Plano de Ação Climática, dentro do esboço do projeto de mobilidade, estão previstas ideias e sugestões para readequação dos centros comerciais e industriais da capital. Amaral explica que o intuito é fazer com que as pessoas circulem mais dentro de seus próprios bairros, reduzindo o trânsito de veículos e, consequentemente, o volume de emissões de poluentes.

“Belo Horizonte tem uma política já dentro das metas do Pregee de ampliação das ciclovias, mas não existe uma previsão ainda de metas ou políticas ligadas ao rodízio de automóveis por exemplo. É uma questão a ser discutida na sociedade, mas a gente acredita que o foco é tentar mudar um pouco a cultura e o deslocamento das pessoas", pondera. “É uma política de longo prazo, de pensar em adaptar a cidade, diminuir o deslocamento das pessoas. Pensar nesse tipo de estruturação da cidade é uma das melhores estratégias", acrescenta.

“Por meio do créditos verdes, já iniciados neste ano, Belo Horizonte estuda ofertar benefícios a novos empreendimentos que captarem energia solar, realizarem o plantio de mais árvores, além de ofertarem recarga para carros elétricos e espaços para bicicletas, dentre outras ações", finaliza Dany Amaral. Mário Werneck, secretário municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, avalia que o Plano de Ação Climática vem com uma proposta de unificar as políticas ambientais da capital mineira. "A expectativa é que ele contribua de fato para organização e preposição de ações de curto, médio e longo prazo, para que a nossa capital mineira seja uma referência nacional no tema", afirma.

NÚMEROS

Por dia, 279 mil veículos circulam no centro de Belo Horizonte;

Entre 2014 e 2019, foi de 22% a queda de emissão de gases na capital.

Temperatura média na capital pode subir 4°c em 20 anos

Além de contribuir para o temido e tão falado aquecimento global do planeta, um dos efeitos catastróficos das emissões de poluentes na atmosfera tem causado ondas de calor extremo em Belo Horizonte e tende a elevar a temperatura média na capital de forma permanente, conforme ressalta Argemiro Teixeira Leite Filho, pesquisador do Centro de Sensoriamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em outubro de 2020, os termômetros na capital marcaram pela primeira vez na história 38,4°C, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com Leite Filho, além das altas temperaturas nunca antes registradas, a amplitude térmica na cidade tem sido cada vez maior. “Pela manhã, faz 16°C; à tarde, os termômetros já ultrapassam os 32°C; e, à noite, volta a esfriar muito. Isso tudo tem a ver com as mudanças climáticas globais", explicou o pesquisador. De acordo com ele, a tendência é que, com o passar dos anos, BH fique cada vez mais quente. Atualmente, a temperatura média na capital é de 21°C. Daqui a 20 anos, essa média pode chegar a 25°C. “Parece pouco, mas é muita coisa", salienta. Segundo ele, uma das saídas para amenizar o problema é preservar áreas verdes da cidade e criar novas. “Ainda dá tempo de mitigar as altas temperaturas", conclui Leite Filho. 

---------------

Fonte: O Tempo