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Montadoras começam a migrar para o gás natural para minimizar impactos ambientais do transporte

31/08/2020

A aposta das empresas é na viabilidade técnica e econômica da alternativa



A discussão sobre a sustentabilidade do transporte brasileiro atingiu um patamar inédito de maturidade. Prova disso são os planos de grandes montadoras instaladas no país. O investimento delas no desenvolvimento de produtos específicos para a nossa realidade, em vez de “tropicalizar” tecnologias estrangeiras, tem um significado profundo. O compromisso em diminuir a emissão de poluentes deixou de ser uma projeção para o futuro. A fase de testes que antecede projetos dessa envergadura foi satisfeita. Novas linhas de veículos estão sendo lançadas.

Em 4 de junho deste ano, a Scania anunciou a maior venda de caminhões a gás no Brasil. De uma só vez, a PepsiCo adquiriu 18 veículos a GNV (gás natural veicular), biometano ou com ambos misturados. São caminhões feitos para curtas, médias e longas distâncias, que suportam carga pesada, com motores Ciclo Otto, que são 20% mais silenciosos. Na comparação com o diesel, a operação a gás emite menos CO2, com redução expressiva da liberação de material particulado e ácidos nitrosos. Se o veículo rodasse apenas com biometano, o que ainda não ocorre por motivo de disponibilidade desse combustível, as emissões reduziriam 90% ou mais.

“Portanto, migrar para o gás natural faz sentido do ponto de vista ambiental – e tem sentido do ponto de vista econômico”, diz Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil. “Todas as demonstrações que a gente tem feito mostram uma redução de custo por quilômetro rodado do gás natural em relação ao óleo diesel. Isso nos incentiva, porque a gente vê que é uma alternativa sustentável e, diferentemente de outras tecnologias, não requer subsídios nem qualquer tipo de incentivo para ser adotada. Ela é autossustentável financeiramente e propõe uma interessante redução da contaminação”, expõe.

O interesse pela renovação das frotas partiu, primeiramente, dos embarcadores, caso da PepsiCo e da Ambev. Nos próximos meses, porém, os transportadores tendem a engrossar a fila de pedidos. “Eles começam a estar motivados, entendendo que oferecer um transporte sustentável é uma vantagem competitiva. Então, já começamos a ser procurados por empresas de transporte que não têm nenhuma demanda de embarcador, mas que se perguntam: ‘Será que, se eu oferecer transporte sustentável, vou conseguir um diferencial nas minhas licitações?’”, descreve Munhoz.

Gustavo T. Falleiros